DETALHES, MEMÓRIAS E PESQUISA
O filósofo da arte Georges Didi-Huberman, em importante obra que analisa as relações entre imagem e olhar, assim coloca: “o que vemos só vale – só vive – em nossos olhos pelo que nos olha”. A inquietação do intelectual vai ao encontro da proposta – e das perturbações – causadas pelas fotografias que compõem o terceiro módulo da exposição. Ao olharmos essas imagens, elas igualmente nos olham. Nos interrogam sobre a sua própria historicidade. Cada detalhe apresentado, cada frase, fragmento ou estilhaço de memória gravado em suas superfícies proporcionam novos questionamentos e conhecimentos acerca da Revolução de 1923. Esse é o caso das identificações feitas nas fotografias, que nos indicam a procedência dos acervos bem como o entendimento de seu proprietário sobre episódios e homens da revolução. É o caso, também, dos carimbos e símbolos que aparecem sobre essas imagens. Marcas de registros, mas, igualmente, de trajetórias ao longo do tempo. Os detalhes aqui apresentados visam, sobretudo, inquietar o observador e fazê-lo perceber a potencialidade que as imagens possuem quando observam e são observadas.